Teu nome
Quando a dor houver triturado já o último osso de minha
noite
e apenas haja o silêncio para o coração insone que fia
e desfia penas e
memórias
vem teu nome até meu quarto às escuras.
Com um galope seco vem teu nome abrindo
um caminho entre brumas
instaurando suas vozes seus dobres
seus erres que retumbam como um grito de guerra
seu rude sotaque de sino quebrado.
Teu nome é tantas coisas:
a lembrança de um barco que vem do ultramar e seus
teimosos marinheiros
o fogo entre a pedra
gota rubra
que vai tingindo a parede da aurora.
Nele pode-se escutar a voz dos que creem
com mística implacável e fé colérica.
Mas é também doçura teu nome
muro branco onde minha mão traça os sinais do sossego
lugar onde recosto minha cabeça.
Entre teu nome e ti sem dúvida um silêncio
uma fenda noturna onde se aninham os pássaros.
Tu nombre
Cuando el dolor ha triturado ya el último hueso de mi
noche
y sólo habla el silencio al corazón insomne que hila
y deshila penas y memorias
viene tu nombre hasta mi cuarto a oscuras.
Con un galope seco viene tu nombre abriendo
un camino entre nieblas
instaurando sus voces sus redobles
sus erres que retumban como un grito de guerra
su bronco acento de campana rota.
Tu nombre es tantas cosas:
el recuerdo de un barco que viene de ultramar y sus
tercos marinos
el fuego entre la piedra
gota roja
que va tiñendo la pared del alba.
En él puede escucharse la voz de los que creen
con mística implacable y fe colérica.
Pero es también dulzura tu nombre
muro blanco donde mi mano traza los signos del sosiego
lugar donde recuesto mi cabeza.
Entre tu nombre y tú sin embargo un silencio
una grieta nocturna donde anidan los pájaros.
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