sábado, 22 de agosto de 2020

Leira Araujo (Equador: 1990)

Câmara

 

Perpetuá-lo

no instante do abraço

a letargia das portas se fechando

cheirar

como caem minhas mãos como folhas

graças às estações que o perseguem.

 

Não há felicidade mais absoluta

maior sinal do trágico

temor do futuro

chagas que não queiram curar

a memória se aniquila neste passado

que sofremos para não variar o ritmo.

 

Perturba

sua boca mordendo a minha

seus dentes cortando-se pela raiz

para darem-se

a mim, à minha saliva.

 

A meu temor aos táxis vazios.

 

A meu ódio a cidade mais triste do mundo

onde nasceu

onde nascemos

para ver-nos e lançar-nos ao outro.

 

Como me vez, vejo-te eu.

 

 

Cámara

 

Perpetuarlo

en el instante del abrazo

el letargo de las puertas cerrándose.

Oler

como caen mis manos cual hojas

gracias a las estaciones que lo persiguen.

 

No hay felicidad más absoluta

mayor signo de lo trágico

temor al futuro

llagas que no querrán sanar

la memoria se aniquila en este pasado

que sufrimos para no variar el ritmo.

 

Altera

su boca mordiendo la mía

sus dientes cortándose de raíz

para darse

a mí, a mi saliva.

 

A mi temor a los taxis vacíos.

 

A mi odio a la ciudad más triste del mundo

donde nació

donde nacimos

para vernos y lanzarnos al otro.

 

Como me ves, yo te veo.

 

 

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