terça-feira, 29 de setembro de 2020

Alaide Foppa (Guatemala: 1914 – 1980)

  

Mulher

 

Um ser que ainda não

desiste de ser,

não a remota rosa

angelical,

que os poetas cantaram.

Não a maldita bruxa que

os inquisidores queimaram.

Não a temida e desejada

prostituta.

Não a mãe abençoada.

Não a murcha e ludibriada

Solteirona.

Não a obrigada a ser boa.

Não a obrigada a ser má.

Não a que vive

porque a deixam viver.

Não a que deve sempre

dizer que sim.

Um ser que cuida

de saber quem é

e que começa a existir.

 

Mujer

 

Un ser que aún no

acaba de ser,

no la remota rosa

angelical,

que los poetas cantaron.

No la maldita bruja que

los inquisidores quemaron.

No la temida y deseada

prostituta.

No la madre bendita.

No la marchita y burlada

Solterona.

No la obligada a ser buena.

No la obligada a ser mala.

No la que vive

porque la dejan vivir.

No la que debe siempre

decir que sí.

Un ser que trata

de saber quién es

y que empieza a existir.

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