domingo, 20 de setembro de 2020

Carlo Vallini (Itália: 1885 – 1920)

Um dia

 

Já quis um dia morrer

sobre o rochedo do mar

já quis um dia provar

o gáudio de não sofrer:

 

despojar-me da miséria

deste meu fantasma de homem,

não ter mais forma, ser homem

decomposto na matéria;

 

não ser mais universo

no universo, mas um fôlego

imponderável, um átomo

minúsculo no ar disperso;

 

de esquecer-me ainda terei

do que um dia soube, tudo:

esquecer-me sobretudo

daquilo que não mais sei:

 

ser a vida depravada,

ser a morte consciente,

poder em uma só vez

ser o tudo e ser o nada.

 

Un giorno

 

Avrei voluto morire

sopra lo scoglio del mare,

avrei voluto provare

la gioia di non piu sentire:

 

spogliarmi della miseria

del mio fantasma di uomo,

non aver piu forma: esser l’uomo

scomposto nella materia;

 

non essere piu l’universo

nell’universo, ma un fiato

imponderabile, un atomo

labile in aria disperso;

 

dimenticarmi di cio

che un giorno ho saputo, di tutto:

dimenticar soprattutto

quello che mai non sapro:

 

esser la morte cosciente,

esser la vita dissolta,

potere in una sol volta

essere il tutto ed il niente.

 


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