domingo, 13 de setembro de 2020

Fabricio Estrada (Honduras: 1974 – )

 

 

Honduras das Termópilas

 

Há uma chuva que redemoinha lentamente,

ameaça e por fim cai,

com força de milhares, intensamente inexorável,

todo o peso da transparência

em um sibilo

que vai ensurdecendo o vento,

e uma profundidade

que chega

às raízes das ceibas,

em uma trajetória de rio tumultuado.

Há uma chuva que transpassa a terra

e alimenta

o vigor das árvores novas,

de bosques subterrâneos emergindo,

de ossos que retomam

a primitiva aparência de homens e mulheres andando.

Há uma chuva

que alveja os uniformes,

encurrala, agita e limpa o corpo,

amansa,

arruma,

cobre o céu

para que lutemos

sob sua sombra.

  

Honduras de las Termópilas

 

Hay una lluvia que se arremolina lentamente,

amenaza y cae al fin,

con fuerza de miles, intensamente inexorable,

todo el peso de la transparencia

en un siseo

que va ensordeciendo al viento,

en una hondura

que llega

a las raíces de las ceibas,

en un recorrido de río tumultuoso.

Hay una lluvia que traspasa la tierra

y alimenta

el empuje de árboles nuevos,

de bosques subterráneos emergiendo,

de huesos que retoman

la figura primera de hombres y mujeres andando.

Hay una lluvia

que destiñe los uniformes,

acorrala, agita y limpia el cuerpo,

amansa,

ordena,

cubre el cielo

para que luchemos

bajo su sombra.



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