terça-feira, 21 de abril de 2020

Gustavo Adolfo Bécquer (Espanha: 1836 – 1870)




Rima XXVIII


Se por entre a sombra escura,
perdida uma voz murmura
perturbando a triste calma,
se no fundo de minha alma
ouço teu doce ecoar,
diz-me: é que o vento em seus giros
queixa, ou porque teus suspiros
falam de amor ao passar?

Se o sol em minha janela
ao nascer rubro rutila,
e meu amor teu vulto evoca,
se na boca, de outra boca
creio sentir a impressão,
diz-me: é que cego eu deliro,
ou que um beijo num suspiro
envia teu coração?

E no luminoso dia
e na alta noite sombria,
se em tudo quanto volteja
minha alma que te deseja,
creio te sentir e ver,
diz-me: é que toco e respiro
sonhando, ou que num suspiro
faz-me o alento teu a beber?


Rima XXVIII


Cuando entre la sombra oscura,
perdida una voz murmura
turbando su triste calma,
si en el fondo de mi alma
la oigo dulce resonar,
dime: ¿es que el viento en sus giros
se queja, o que tus suspiros
me hablan de amor al pasar?

Cuando el sol en mi ventana
rojo brilla a la mañana,
y mi amor tu sombra evoca,
si en mi boca de otra boca
sentir creo la impresión,
dime: ¿es que ciego deliro,
o que un beso en un suspiro
me envía tu corazón?

Y en el luminoso día
y en la alta noche sombría,
si en todo cuanto rodea
al alma que te desea,
te creo sentir y ver,
dime: ¿es que toco y respiro
soñando, o que en un suspiro
me das tu aliento a beber?

  

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