domingo, 5 de abril de 2020

Francisco de Quevedo (Espanha: 1580 – 1645)




A um juiz mercadoria


As leis com que tu julgas, oh Batino!
menos bem as estudas que as vendes;
do que te compram é tudo o que entendes;
mais que a Jasão te agrada o Velocino.

A humana justiça, como a sagrada,
Quando tu as interpretas, as ofendes,
e ao ritmo que a recolhes ou a estendes,
para a sentença a mão está preparada.

Não sabes escutar rogos baratos,
e apenas quem te dá tira tuas dúvidas;
não te governam textos, senão tratos.

Pois que de intento e interesse não mudas,
ou lavas tuas mãos como Pilatos,
ou, com a bolsa, enforcas-te qual Judas.


A un juez mercadería


Las leyes con que juzgas, ¡oh Batino!,
menos bien las estudias que las vendes;
lo que te compran solamente entiendes;
más que Jasón te agrada el Vellocino.

El humano derecho y el divino,
cuando los interpretas, los ofendes,
y al compás que la encoges o la extiendes,
tu mano para el fallo se previno.

No sabes escuchar ruegos baratos,
y sólo quien te da te quita dudas;
no te gobiernan textos, sino tratos.

Pues que de intento y de interés no mudas,
o lávate las manos con Pilatos,
o, con la bolsa, ahórcate con Judas.





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