quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Eugenio Montale (Itália: 1896 – 1981)



 In limine

Goza se o vento que entra no pomar
volta a agitar a grande onda da vida:
aqui onde morto jaz
um caos de memórias,
horto não era, mas relicário.
O ruflar que tu ouves não é de asas
mas a comoção do útero eterno;
vê que se transfigura aquela faixa
de terra desolada num crisol.
A fúria está neste lado do muro.
Se avanças te deparas
talvez com o fantasma que te salva:
aqui se moldam as histórias, os atos
desfeitos pelo jogo do futuro.
Busca uma malha rota nesta rede
que nos aperta, salta fora, foge!
Vá, por ti orei – agora minha sede
será leve, menos acre o rancor...


 In limine


Godi se il vento ch’entra nel pomario
vi rimena l’ondata della vita:
qui dove affonda un morto
viluppo di memorie,
orto non era, ma reliquiario.

Il frullo che tu senti non é um volo,
ma il commuoversi dell'eter grembo;
vedi che si transforma questo lembo
di terra solitário in un crogiuolo.

Un rovello è di qua dall'erto muro.
Se procedi t'imbatti
tu forse nel fantasma che ti salva:
si compongono qui le storie, gli atti
scanellati pel giuoco del futuro.

Cerca una maglia rotta nella rete
che ci stringe, tu balza fuori, fuggi!
Va, per te l'ho pregato, - ora la sete
mi serà lieve, meno acre la ruggine...




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