sábado, 7 de dezembro de 2019

Leopoldo Lugones (Argentina: 1874 - 1938)




Oceânida


O mar, pleno de urgências masculinas,
bramava ao derredor da tua cintura,
e como um braço colossal, a escura
ribeira te amparava. Em tuas retinas,
  
e em teus cabelos, e em tua astral brancura
tremulou com cadências irisantes
essa luz das tardes agonizantes
que nas águas pacíficas perdura.

Pulsando na cadência do teu seio 
o calmo mar em onda inflou o seu anseio;
para afundar-te em vertigens felinas

sua voz te disse uma carícia vaga, 
e ao penetrar entre as tuas coxas finas
a onda adelgaçou-se como adaga.


Oceánida


El mar, lleno de urgencias masculinas,
bramaba en derredor de tu cintura,
y como un brazo colosal, la oscura
ribera te amparaba. En tus retinas,
   
y en tus cabellos, y en tu astral blancura
rieló con decadencias opalinas
esa luz de las tardes mortecinas
que en el agua pacífica perdura.
  
Palpitando a los ritmos de tu seno
hinchóse en una ola el mar sereno;
para hundirte en sus vértigos felinos
  
su voz te dijo una caricia vaga,
y al penetrar entre tus muslos finos
la onda se aguzó como una daga.





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